Alguns jovens brincavam no Garrote
Tira Teima, do Senhor Chico Beicinho, localizado na Rua Urucará, canto com a
Rua Itacoatiara, onde se localizava a Escola Santa Rita da saudosa professora
Maria Rufino. Um dia o Senhor Chico Beicinho resolveu encerrar as atividades do
garrote, no ano de 1942. Os meninos ficaram desolados, sem saber o que fazer.
No dia seguinte, sob a sombra de um frondoso jatobazeiro, a “grande árvore real”,
cujo fruto empresta seu nome a um valente guerreiro do romance “Iracema”, de
José de Alencar, nas proximidades do Velódromo, enquanto aguardavam a hora de
escolherem os times para a “pelada” diária, o Tó sugeriu a fundação de um
boi-bumbá. A idéia foi escolhida com simpatia e na hora do banho refrescante
nas águas límpidas no igarapé do Quarenta, entre um mergulho e outro, o Pelica
perguntou: “E o Boi, vai sair ou não?”
A indagação, feita em tom de desafio,
fez com que parassem a brincadeira de manjalé e passassem a discutir quando e
onde iriam reunir. O sol já havia se escondido quando concluíram que a reunião
seria no dia 1º de maio de 1942, na casa do Ceará.
Na noite do dia marcado, enquanto a
Agência Nacional de Notícias informava para todo o País o acidente ocorrido com
o Presidente Getúlio Vargas, o grupo de jovens se encontrava reunido na casa
1140 da Rua Ajuricaba, no Bairro da Cachoeirinha, para fundar oficialmente o
bumbá. Sentados em tamboretes, sob a luz bruxuleante de um lampião a querosene
jacaré, estavam presentes: Astrogildo Santos – Tó; Wandi Guaromiro Santos –
Miro; Dionísio Gomes – Tucuxí; Mauro Santos – Pelica; e Antônio Altino da Silva
– Ceará. Estes jovens não imaginavam que estavam criando uma das maiores
expressões do folclore amazonense, uma vez que naquela época os bumbás mais
famosos eram o Caprichoso, da Praça 14 de Janeiro, e o Mina de Ouro, do
Boulevard Amazonas, com base no terreiro de Santa Bárbara no Seringal Mirim.
Naquela memorável noite ficou
decidido, o boi ia sair mesmo. Só faltava o nome, pois ninguém queria repetir o
nome dos bois já existentes. Pois, nos arredores, além do Violento, do
Garantido, tinha também o Pai do Campo e o Flor do Campo. Depois de muita
discussão, o Miro sugeriu que o nome do boi fosse Corre Campo. A ideia foi
aceita e Corre Campo surgiu para mandar nos terreiros do Bairro.
O primeiro curral de ensaios foi
construído na Rua Ajuricaba, canto com a Rua Borba. Depois se transferiu para a
Rua Ipixuna, canto com a Borba, em frente a Padaria Santo Antônio. Nessa área
deram os primeiros passos, aprenderam a ser fortes e valentes para vencer
dificuldades e ultrapassar obstáculos. Com o desaparecimento do Caprichoso, o
Corre Campo passou a dividir com o Mina de Ouro, seu primeiro rival, a
admiração e os aplausos do público manauara. Nas décadas seguintes a rivalidade
foi com o Tira Prosa e o Gitano. Hoje, divide o cenário dos Bumbás de Manaus
com o Brilhante e o Garanhão.
Felizmente o Corre Campo vem resistindo, ao
contrário de muitos bumbás que ficaram pelo caminho. É como fogo de monturo.
Quando pensam que acabou, ele ressurge mais forte e mais valente na defesa da
sua tradição. O GIGANTE SAGRADO DO
FOLCLORE AMAZONENSE continua inabalável e cultuando a tradição do Boi Bumbá
indiferente ás inovações espúrias. É como a palmeira do tucumã, sobrevive às
queimadas e continua dando frutos, embelezando a paisagem violentada.
Referência: ASSUNÇÃO, Alvadir. O BOI BUMBÁ CORRE CAMPO E OUTROS FAMAS. Manaus: Edições Muiraquitã, 2008.
Continua mas com muitas pessoas más intencionadas que só olham o lucro e desrespeitam seus verdadeiros brincantes e dando vez aqueles quem não tinha nenhum vinculo com o gigante sagrado hj vejo o corre campo como um ninho de víboras que só veem o lucro e não a cultura verdadeira lembro me que muitas vezes velho miro me disse nunca deixe meu boi morrer promessa cumprida e entregue para um bando de carniceiros sem escrúpulos e sem respeito não tenho medo de falar a verdade pois todos sabem que é essa a verdade um dia lutei muito para hj em dia esse muito ser nada,apenas um boi,sem alma,sem alegria e sem paixão,apenas a ambição daqueles que estão a frente
ResponderExcluirSempre, desde garoto - 1954 - fui um torcedor do Corre Campo.
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